4ª Jornada, Boavista vs Amarante, Sábado, 28 de Setembro, 16h00, Estádio do Bessa Séc. XXI

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Entrevista de Ricky ao site "Mais Futebol"


Ricky, lembra-se? 6 golos no Benfica, herói no Boavista
Avançado nigeriano brilhou nos anos 90 e deixou saudades


Richard Daddy Owubokiri deixou saudades no futebol português. Recue até aos anos 90, reduza este nome a Ricky e tente recordar alguns golos do avançado nigeriano. Muitos, por sinal. Chegou ao nosso país para jogar no Benfica, marcando apenas seis tentos. A maior dose estava reservada para o Boavista.

«Fiz apenas seis golos no Benfica, mas fui artilheiro no Boavista e em muitos clubes por onde passei. Tive pena mas, depois do Boavista, nunca mais houve uma abordagem de um grande clube do futebol português», recorda o antigo ponta-de-lança. Artilheiro, assim mesmo em brasileiro, idioma que acompanha Ricky desde a recta final da carreira.

Empresário FIFA radicado em Salvador da Bahia, Ricky faz uma viagem no tempo, em conversa com o Maisfutebol. Era um matador puro, rotulado de flop no Benfica, catapultado a herói no Boavista. Foi o melhor marcador do campeonato português em 1992, com 30 golos em 34 jogos!

«Vim do Metz em 1988, mas tive um azar tremendo logo no primeiro jogo pelo Benfica. Parti uma perna e nunca mais me consegui impor», lamenta o ex-jogador. Não foi bem assim. Tem uma média de um golo por jogo na Luz. Seis em seis partidas. Pena que tenham sido todos no mesmo encontro.

Em Janeiro de 1989, completou um duplo «hat-trick» frente ao Riachense (14-1), na Taça de Portugal. «Fiz um jogo incrível mesmo, e marquei seis golos. Mas acabei por sair, fui para o Estrela e atravessei a melhor fase da minha carreira no Boavista», recorda.

Ricky, Marlon Brandão, João Pinto, Artur...

O Boavista encantou no início dos anos 90. Presididos por Valentim Loureiro, orientados por Manuel José, os axadrezados começaram a lançar as bases para o futuro. Risonho por vezes, cinzento na actualidade. «Éramos um clube de bairro, mas vencemos uma Taça de Portugal, uma Supertaça, fizemos um terceiro lugar e surpreendemos nas competições europeias. Grandes anos, aqueles», desabafa.

Ricky marcava. À sua volta, Marlon Brandão, João Vieira Pinto primeiro, Artur depois. Nomes que ficaram gravados na memória dos adeptos: «Era um grande ataque, mesmo. Para mim, o melhor ano foi com João Pinto, Marlon e Ricky. Era um trio perfeito. Depois veio o Artur, outro grande jogador, com um estilo diferente.» O presente, contudo, entristece o antigo goleador. «Sinto muita tristeza pelo que está a acontecer ao clube, gostava de ajudar. Vou torcer para que o clube volte ao lugar que merece», promete.

De Portugal para o Mundo

O internacional nigeriano saiu do Boavista em 1994. Passou pelo Vitória da Bahia, pelo Belenenses e terminou no Qatar. Um admirável mundo novo. «Era um bom campeonato, ainda sem grandes estrelas. Fiz muitos golos e estabeleci um recorde, que foi depois batido pelo Batistuta, anos mais tarde.»

Quando encerrou a carreira, Ricky regressou à Bahia que tanto o encantara. Subsiste como empresário de jogadores, fala a língua de Camões com uma desenvoltura assinalável e promete uma visita a Portugal para Abril. Os adeptos não se esquecem dele.