Xadrez ideal para seguir pisadas de um irmão
Quem julga que o Boavista deixou de ser um clube apelativo pelas dificuldades financeiras que atravessa, está enganado. O título de campeão nacional, os brilhantes desempenhos na Liga dos Campeões e na Taça UEFA, entre outros feitos, perduram na memória de todos e dão um gosto especial a quem representa o emblema axadrezado. Exemplo? O JOGO questionou Joca e Nuno Lopes, irmãos do portista Fernando e Miguel Lopes, respectivamente, sobre o que lhes passou primeiro pela cabeça quando receberam o convite do Boavista. Resposta: assinar contrato.
"Não tive qualquer dúvida. Tinha outros clubes interessados, mas as propostas não me agradaram. O Boavista é muito grande, e aceitei logo", diz o extremo Nuno Lopes, 22 anos, recordando que até estava ao lado do irmão quando recebeu o telefonema. "O Miguel disse-me que me daria outra visibilidade, outras condições, demasiadas, até, para uma II Divisão, e no dia seguinte fui tratar do contrato", acrescenta. Joca também consultou o irmão, e o que ouviu não foi diferente. "O Fernando disse que era um bom clube para aparecer, que tem uma grande estrutura", afirma o médio, de 24 anos.
Os amigos Laionel e Marcelão, que já jogaram no Bessa, "falaram bem do clube" a Joca, mas o facto de residirem no Porto, na casa dos irmãos, também ajudou. "Se houver problemas, estamos perto um do outro. Dei-lhe apoio devido à lesão, e ele está confiante, quer recuperar totalmente para aparecer bem", diz Nuno, que acrescenta: "A minha mãe está com a minha avó em Chelas, e o meu pai em Espanha. Eles e a minha namorada vêm ver-nos às vezes, e, agora sim, temos o apoio para trabalharmos e para lhes darmos uma vida melhor." Fernando, que tem a irmã e a mãe em Portugal, tem agora companhia para ir à igreja. "Somos evangélico.htmls e vamos lá para ficarmos tranquilos. No futebol, é preciso ter a cabeça tranquila, caso contrário não há rendimento", diz Joca.
Aquele nervoso mês de Agosto em que tudo mudou
Agosto de 2008 foi um mês que Fernando e Joca dificilmente esquecerão, não só pelo que passavam na altura, mas também pela união de ambos mesmo a "meio mundo de distância". O médio do FC Porto vivia um nervoso miudinho com a integração no plantel de Jesualdo Ferreira, após o empréstimo ao Estrela da Amadora, enquanto Joca partia para uma aventura europeia na Roménia da qual não guarda grandes recordações. A estada no Gloria Buzau não correu bem devido a um contrato por objectivos que acabou por ditar o adeus àquele país de Leste. Falaram horas ao telefone e se, de um lado, Joca dizia a Fernando para "ter paciência, pois a oportunidade acabaria por surgir", este último garantia ao irmão que melhores dias viriam após a desilusão que teve na Roménia. Ambos estavam certos. Fernando teve a chance que esperava e não mais perdeu o lugar no meio-campo dos dragões , fazendo esquecer por completo Paulo Assunção; Joca, que estava "triste e abalado", desistiu da ideia de fazer uma pausa na carreira e aceitou o convite do empresário António Araújo para jogar no Ribeirão. Felizes, acabaram um ao lado do outro.